sábado, novembro 18, 2006

Estou desarmada...


Ele continua sentado no sofá. Gostava de dizer-lhe muitas coisas mas não sei quais. Tenho nos meus gestos possíveis o impulso para falar-lhe, mas, ao preparar aquilo que quero dizer, interrompo-me a meio.


E permanece o silêncio. Gostava que agora em paz, existíssemos apenas um diante do outro, os olhos a serem a única garantia necessária de sinceridade. Talvez conseguíssemos até entender tudo o que já não somos capazes de dizer, mas que sobrevive dentro de nós, ou a nossa volta, como brisas de sentido, brisas invisíveis, claro, mas que tocam a pele, a desarranjam e que, em certos momentos, diante de um espelho, nos dão a sensação real e absoluta que a nossa própria pele, não nos pertence. Sentimos que nos afastamos de um caminho qualquer, mas, quando pensamos, percebemos que não tínhamos traçado nenhum caminho. Avançamos a deriva e chegamos aqui.
A nossa casa. Enchemos todas as divisões com as nossas vozes. Convencemo-nos de que conhecíamos as últimas fronteiras um do outro e habituámo-nos a essa mentira. Nasceram e cresceram os segredos, como papeis escondidos dentro dos livros das estantes, como pormenores dentro de caixas de loiça pousadas nas prateleiras, como corações pequenos e brilhantes. À tarde, vejo-te passar pelo corredor, o teu vulto repleto de pensamentos. Sem querer, convenço-me que conheço todos os pensamentos que levas contigo. Da mesma maneira, sem palavras, acredito que acreditas conhecer todos os pensamentos de que sou capaz quando te vejo e fico em silêncio. Reduzimo-nos a nós próprios. Transformamo-nos em imagens simples que nos continuam a moldar mesmo quando fazemos por nos afastar delas. Se tento ser aquilo que pensas que sou, existo algemado a essa ideia que criaste de mim. Se tento afastar-me daquilo que pensas que sou, também. Contigo acontece a mesma coisa.
Agora desejo a tranquilidade com que sonhámos, as tardes de Novembro, a chuva lá fora, e tu estás sentado no sofá. Noutras ocasiões, era eu que estava sentada no sofá e eras tu que estavas aqui onde eu estou, desarmado, a dizer estas mesmas palavras para o teu interior. Essa é a verdade, apesar de, nessa hora, se me tivesses perguntado, ser quase certo que teria negado estas palavras. Da mesma maneira, se agora te perguntasse, talvez não dissesses que pensas o mesmo que eu. Da mesma maneira, se agora me perguntasses, talvez não dissesse que penso o mesmo que tu. Esta é a contradição que somos. Esta é a nossa tragédia banal. Esta é a nossa corda marcada por nós que, quando começamos a desatar, se embaraçam noutros nós.
No entanto, agora, estou desarmado e sinto que parei de envelhecer. Posei sobre a mesa da cozinha todas as certezas acerca do futuro. Deixei uma parte grande do passado no parapeito da janela aberta. Tu estás sentado no sofá da sala. Olho-te sem que percebas a minha presença, apenas com o prazer antigo recuperado, de olhar-te e tentar desvendar os teus mistérios. Antes, acreditar era uma forma de não acreditar. Agora acreditar é acreditar mesmo. Peço confiança a mim próprio, peço todos os sinónimos e entrego-me a este momento único em que percebo lentamente que estamos no mesmo lugar. Viemos de muito longe para chegarmos aqui. Tu foste um menino a nascer. Eu fui menina a nascer. Esses instantes foram tão grandes como este em que apenas estamos aqui. Apenas juntos.
A nossa casa. Seremos capazes de criar horizontes na superfície das paredes. Chegarão décadas para nos saudar. Transformar-nos-emos em muitas pessoas. A nossa pele. Acontecerá aquilo que nunca imaginámos ou talvez aconteça aquilo que imaginámos. Deixaremos de preocupar-nos com o que sobrevive dentro de nós, ou à nossa volta, mas que não nos pertence. E, finalmente, mergulharemos neste momento único, agora. Para sempre, seremos eu, desarmado, a olhar-te, a querer-te, e tu, sentado no sofá, desarmado, envolta em mistérios que tentarei desvendar, certo de nunca poder conhecê-los. Juntos, pararemos de envelhecer, escondidos no interior do tempo. Juntos encontraremos s soluções que já soubemos e quisemos esquecer. Juntos, eu, tu, apenas juntos…


Este texto foi ligeiramente alterado. O original é da autoria do escritor José Luís Peixoto.
Decidi colocar este texto aqui para que alguém seja capaz de entender o que sinto...

Serenamente

sábado, agosto 26, 2006

O tempo contra mim...



Avizinha-se mais um ano académico… Sou finalista!
Se tudo correr bem estarei no porto a tempo inteiro apenas mais seis meses. Depois vem o estágio. Apesar do intenso trabalho que se tem enquanto estagiários, é preferível cair para o lado de tanta massagem fazer, do que ficar fechado dentro de uma sala a ouvir um homem a debitar matéria (muitas das vezes sem saber o que diz!).
Devia estar feliz, pois estou a acabar o curso. Mas não estou.
Tenho o tempo contra mim.
Quem nunca sentiu necessidade de pegar na pessoa que se ama e desaparecer por uns tempos? Quem nunca sentiu necessidade de tirar umas férias com a família? Quem nunca precisou de fechar a porta, apagar as luzes, e sentir-se pequeno nos braços de quem se ama? Quem nunca precisou de um carinho, uma palavra de apoio?
Eu preciso de tudo isto e talvez mais. Preciso de alguém que me ame em todo o sentido da palavra. Alguém que se lembre de mim, dos meus sentimentos, das minhas necessidades... Preciso de alguém com um braço forte que me faça perceber os meus erros sem me magoar. Alguém que saiba como limpar as lágrimas e não provoque mais.
Preciso de tempo! Preciso de sentir que para além do corre – corre apressado do dia a dia existe um espaço para nós, que não é comando pelo tic-tac dos relógios. Preciso de sentir que sou importante para esse alguém. Que mais do que uma paixão sou o amor da sua vida. A única mulher que ama. Não uma mera amiga íntima com a qual um homem se pode divertir…
Preciso de sentir uma espécie de família. Tenho necessidade de saber que está tudo bem.
E a família? O tempo na família é traiçoeiro. Leva-nos os que mais amamos. Deixa-nos apenas as recordações. Fica-se com a sensação que nunca se fez tudo. O tempo debilita-nos o corpo e a mente de uma forma quase que imperceptível. E quando abrandamos o passo e nos damos conta, por vezes é tarde demais.
Não gosto do tempo. Não gosto dos relógios apesar de os usar constantemente.
Vou-me deixar ficar, a pensar como seria viver sem o tempo. Sem saber a hora, o dia, o mês, o ano… a idade sem importância…
Em serenos sobressaltos.

terça-feira, agosto 15, 2006

As ditas férias!!

Passei de visita num blog amigo e decidi escrever um texto (algo que já não fazia á uns tempos). Anda o Sr. Cuco muito chateado, cansado de ouvir os outros falar em férias e ele sem gozar as ditas. Contudo, também me pareceu que nada do que neste momento o nosso cantinho oferece lhe satisfaz o ego.

Há cerca de um mês tirei uma semanita maravilhosa na praia. Já não tinha umas férias assim há uns anitos. Decidimos ir á praia sem mais nem menos… tínhamos falado nisso por alto mas sem combinar nada… depois de um concerto exaustivo em Lisboa, decidimos durante a viagem que nessa semana iríamos de férias. Na quarta-feira, aproveitando o fresquinho e a tranquilidade da noite partimos deixando tudo e todos para trás, uns dias só para nós faz sempre bem. Bagagem reduzida e vontade de viver ou talvez renascer. Chega-se tarde e levanta-se cedo. Aproveitam-se todos os momentos do dia. Também não gosto de estar a estorricar ao sol. Detesto estar muito tempo no mesmo sitio e sem fazer nada pior um pouco. Então dividimos o tempo. De manhã caminhámos e corremos pela areia, íamos saltitando pela água como se de dois golfinhos nos tratássemos. Depois de almoço passeávamos um pouco, deixando que a brisa das árvores nos envolvesse os corpos ainda cheios de sal. Aproveita-se para namoriscar, para pôr a leitura em dia… e sem televisão vão-se acompanhando as notícias com os poucos jornais que ainda são reais. Á tarde, mais um mergulho e somos os últimos a sair da praia. As gaivotas vêm ao nosso encontro, bebendo água e partilhando o nosso lanche.

São momentos únicos, e que embora por pouco tempo que durem renovam o espírito. Á noite, á sempre as águas do meu Mondego a guiar o caminho, uma peça de teatro, um cinemazinho fora de horas… ou então a bela da cama…

Quando temos ao nosso lado as pessoas que amamos, tudo o que se faça tem outro sabor. Vale a pena arriscar e ir. As filas evitam-se. Chega-se cedo e sai-se tarde. Assim não á filas. Parece até que deixaram a estrada só para nós.

Tire um dia para si. Pegue nas meninas da sua vida e vá até as caldas. O rio está limpo. Os choupos embalam a soneca depois de almoço e aconchegam os ouvidos livrando-nos dos ruídos citadinos já neles entranhados. Aproveite para relaxar. Depois destes pequenos momentos até parece que nos nasce uma alma nova para enfrentar o novo período de trabalho que se avizinha.

Sigam o conselho de uma maluca. Tirem férias.

Serenamente me despeço… até breve!

sexta-feira, junho 30, 2006

Esboço de luz!


Hoje acordei com um esboço de luz a rasgar-me as paredes do quarto. picotou-me o sonho, fazendo com que a minha mente se separasse daquela pintura estranha que me envolvia o corpo.

Pés descalços tacteando o chão ainda frio, percorro o corredor até á tela dos sabores.
hummm! apetece-me uma colher de compota. O sabor dos teus lábios numa colher de compota! Que doce! o teu abraço! Invade-me uma sensação de paz. Olho a janela, e num ramo da minha toca está a mais linda poupa que já algum dia vi! Veio dar-me os bons dias, por certo.

Delicadamente, pé ante pé regresso ao meu ninho. apetece-me dormitar um pouco mais.
por entre aspalhas meio abertas entra um rasgo de luz que me fere os olhos ainda cegos da escuridão. Os olhos cegos mas alma aberta. não consigo ficar mais no meu ninho. Vou arrumar as palhas, aconchegar as penas e dar o meu sorriso a quem precisar dele! Sorriso no bico e aqui vou eu, qual poupa a cantarolar.

O meu cantarolar alegre e bem disposto valeu-me um sorriso no rosto de patinhos feios e desajeitados por fora mas por dentro belos cisnes, a quem nunca foi dada a oportunidade de voar! Fiz despertar o verão em corações onde apenas existe o inverno.

Hoje fui poupa a esvoaçar no telhado destes patinhos. Hoje fui feliz.

E tu?

O teu cantarolar já fez alguém feliz hoje?

sábado, junho 17, 2006


PORTUGAL!
O mundial ganhar, ganhar!

terça-feira, maio 23, 2006

Capas Negras...

Hoje é o dia do cortejo! Está toda a gente radiante... trajes alinhados, capas ao vento, fitas a esvoaçar no ar, gritos de uma multidão confundem-se. Exprimem o amor á faculdade, ao curso, á vida académica...

Também gostava de festejar... Saltar para cima do carro e gritar até não poder mais... Mas eu não estou lá... è verdade... vou acabar o curso sem saber o que é realmente o espírito académico na minha cidade... E choro por isso...

Que revolta! Que raiva! Sinto as minhas veias a distenderem-se dentro do meu corpo... Os olhos tornam-se esbugalhados.

Mas por quem sinto eu esta raiva?

Por mim. Por não ter sido capaz de entrar no sitio que queria. Por não ter sido capaz de tomar as minhas próprias decisões.

Da minha faculdade e sua Reitoria. Por não incentivarem o espírito académico, por nos restringirem todas as oportunidades de convivência académica.

Das pessoas que estão próximas ou se aproximam de mim. Porque o seu único motivo, é o interesse. Nos momentos bons e nos maus estou sempre sozinha. Mas na véspera de uma frequência estou sempre rodeada de gente. Ainda bem? Não. Preferia estar sozinha nestes momentos para me poder concentrar e nos outros momentos ter três ou quatro que se aproximassem de mim.

Daqueles que me amam. Por estarem constantemente a recriminarem-me e a dizerem-me que sou a concretização dos sonhos dos outros, que não tenho personalidade, e que não entendem a verdadeira razão de todo o meu sofrimento...

Apenas senti o verdadeiro espírito académico uma única vez. Em Coimbra.,na serenata de 2005. Essa foi a única altura em que eu “fora de casa” percebi o verdadeiro sentido do espírito académico...

Capas Negras são símbolo de união... Para mim, apenas de lágrimas...

Torna-se aguda a serena melodia do meu violino...

quinta-feira, maio 04, 2006

Pequnas grandes coisas!


Apenas para pensar e comentar as "pequenas grandes" coisas da vida...

segunda-feira, abril 24, 2006

Noite cultural...


Cá estou eu novamente... desta vez vou dar-vos a conhecer o que se passou no passado sábado em Penalva de Alva. Uma pequena aldeia que muito tem feito nos últimos anos para divulgar a música e a cultura Oliveirense.
No passado sábado Reuniram-se na sociedade dois pequenos "grandes" grupos: a Orquestra Juvenil de Oliveira do Hospital e Tuna Penalvense, sob a regência de Rui Luís Pinto e Rui Marques, respectivamente. FOi uma noite maravilhosa, tanto para os executantes como para o público em geral.
Não julguem estar a " gabar o meu peixe", por ser violinista e amar estes dois grupos com todo o coração. Contudo temos ouvidos e há sempre meia dúzia de pessoas que se aproxima de nós felicitando-nos pelo nosso trabalho... Somos novos mas temos um gosto em comum: a paixão pela música... E com trabalho, dedicação e por vezes alguns sacrifícios tudo se consegue...
Quero ainda exaltar esta pequena aldeia, por ser capaz de saber receber um grupo convidado como muitas cidades não sabem... casa cheia do princípio ao fim do espectáculo...
Há que apoiar estas iniciativas... Pena nem todos pensarem desta forma...
mas afinal o que seria do mundo se dó existisse amarelo...?
Serenas melodias para todos...

terça-feira, abril 18, 2006

Os homens da minha Vida!

Estou tão calma. Tão serena. Estou tão bem comigo mesma e com os outros que por vezes até me sinto estranha. Ainda ninguém se lembrou de me tentar magoar e estragar-me a vida. De há quatro anos a esta parte tem sido uma constante, por isso acho estranho.
Mas hoje não venho falar de mim... Vou falar-vos dos cinco homens da minha vida... são muitos, eu sei... Contudo, não me imagino a viver sem nenhum deles.
começando pelo mais velho...
O meu avô (materno, pois já não tenho a felicidade de ter aqui o avô paterno, mas continuo muito ligada a ele)... e as lagrimas apoderam-se dos meus olhos... Já sofri tanto por causa dele. Vê-lo sair de casa entre a vida e morte, deitado numa maca... Acordar a meio da noite com um grito de ajuda e ver que os anos de estudo da sáude nos são inválidos...faço o melhor que posso e que sei... talvez o pouco que sei já tenha ajudado muitas vezes. O homem que me ensinou a "sachar"... a andar descalça no rego da água... Que me descascava gomos de maça e comia a meias comigo a fruta acabada de tirar da árvore. Bons velhos tempos. Mas tudo muda! Agora um pouco mais limitado não deixa de me descascar o gomo da maça, como se o tempo não tivesse passado. Para ele ainda sou uma menina... mas agora mulher.
O meu pai! Um homem distante mas sempre presente. Tenho que lhe reconhecer as centanas de sacrifícios que ele fez e continua a fazer para me proporcionar o melhor da vida. Mas afinal qual é o pai que não faz tudo pela sua cria...? Devo-lhe a vida. Devo-lhe a liberdade. não é homem de grandes falas, este meu pai. Contudo, tem sempre uma brincadeira e o meu abraço amigo á minha espera... Amo-te do fundo do coração!
O R.P! o meu professor de violino. O meu segundo pai! O Homem que me ensinou a amar a música! a aprender a arte de executar um instrumento. Que me obrigava a fazer horas seguidas de escalas. Que esteve sempre presente, quando o meu pai, por razões de trabalho não podia estar. Ele estava lá para me ensinar a tocar a música da vida! O meu muito obrigado!
O tio C.! Nunca vos acontece cruzarem-se com alguém e sentirem-se como se conhecessem aquela pessoa desde sempre? Foi o que me aconteceu. Amigo! Confidente! Mestre da arte e da vida! Nos últimos tempos, tenho aprendido a crescer com este homem. Ele que me acalma quando a tempestade urge. Ele que entre uma "ternura" e um sorriso me faz pensar no que realmente importa! deixando de lado todas as futilidades. quem sabe já não nos cruzamos... Talvez uma "aia" e um "cavaleiro"... Obrigado "Mestre"!
Finalmente, e não menos importante, o que neste momento ocupa mais tempo e dedicação. A minha cara metade! O "pianista" (R.F.). o homem que me ensinou a amar. Que me ensinou a partilhar o bom e o mau! que a vida a dois, é vida a um! Que se sofre, ri, chora e ama a dois! Que a felicidade existe, ainda que passageira... Obrigado por tudo o que tens feito por mim. POr me teres salvo tantas vezes. Perdoa-me as injustiças que tanta vez cometi! Adoro-te!
São estes os Verdadeiros homens da minha vida... Aquele que me ocupam a alma e o coração!
Serenamente ao som do "violino" e do "piano", regido pelo "maestro", com um "riacho" correndo, e um "pássaro" alimentando a sua cria, fica composta esta "tela".

sexta-feira, abril 14, 2006

Sonhos... Anónimos...

“Caminho á beira mar... Ao fundo um homem, espera-me de braços abertos... Aguarda a minha chegada com um sorriso estampado no rosto, uma rosa e um piano de cauda preto ao seu lado... Á velas por todos os lados... O sol põem-se muito lentamente, beijando o mar a cada momento do seu ocaso... chego junto dele, e com um gesto terno, ele beija-me a testa, (sinal de respeito, dizem os entendidos...) e oferece-me a rosa de veludo vermelha... Aproxima-se do piano, sem me deixar dizer nada e começa a tocar a sinfonia de toda uma vida... “

À imagens que valem mais do que as palavras... Tenho algum desgosto em não poder partilhar convosco, esta imagem que me ocupou a cabeça durante algum tempo... Todos procuramos a outra metade... Eu julgo já a ter encontrado... Mas mais difícil do que procurar, é manter viva a chama da paixão e do amor... Sei qual o segredo, mas é de dificil concretização. Eu sou apenas uma, e os factores externos com forças destrutivas, são mais do que muitos... Por vezes, falha-me a confiança, assassinam-me os sonhos e vontade de seguir em frente... São muitas as noites sem dormir, onde apenas uma almofada me serve de amiga e conselheira... Anónimos destruidores de sonhos... Anónimos que me tentam roubar o que de mais precioso a vida me deu... O AMOR... A CONFIANÇA... Anónimos sem razão procurando a felicidade na tristeza dos outros... A verdade vence sempre... e este sonho não vou deixar que mo tirem...

Serenamente baloiçando sobre as ondas...

quarta-feira, março 29, 2006

"Correntes..."

Não gosto da palavra... faz me lembrar prisão...
Mas como o convite veio de um grande amigo, vou associar a palavra a uma eterna ligação...

Quatro filmes que posso ver de novo: Apesar da minha pequena idade já são alguns.. deixem-me pensar um pouco... "o pianista", é fantástico... "orgulho e preconceito", lembra-me algo muito especial e vou vê-lo quantas vezes puder... "As palvras que nunca te direi", prefiro o livro, mas o filme também é agradável, contudo prefiro tecer as imagens na minha cabeça... e por ultimo mas não menos importante "música no coração", vi-o pela primeira vez numa cassete já muito velhinha, com os meus pais...

Quatro sítios onde vivi: Oliveira do hospital será sempre o meu sítio... Matosinhos, um sitio onde não quero voltar.. Porto, a minha cidade de residência actualmente.. é mística mas muito "fria"... e Coimbra, a cidade que trago traçada no coração e onde vou vivendo, de vez em quando o verdadeiro sabor da liberdade...

As séries da televisão que não perco: não são muitas... tenho a tv ligada muito tempo mas ver televisão nem por isso... vejo a sic noticias para estar a par das novidades, "o gato fedorento"... e vou apanhando outros programas, mas nada que me atraia para não os poder perder...

quatro sítios onde estive de férias: Albufeira, as minhas primeiras férias, ficam sempre gravadas... São Miguel, Açores, Estas eu nunca vou esquecer, foram tão especiais... E houve um sítio... não fui de férias, digamos que foi mais um passeio... Pedrógão... mas foi importante!!! Como eu nos últimos anos não tenho tido férias, porque ou os estudos ou os "maestros" não deixam... não me lembro de mais...

Os meus pratos favoritos: Uiiiii!!!! é dificil comer pratos, mas a comida que se põe neles, já é mais fácil, mas são tantos... sou muito gulosa... Adoro as "princesinhas", sempre que posso vou comer uma... Adoro marisco... Gosto de comida italiana, sobretuso lasanha, e gosto muito dos nosso pratos típicamente portugueses...

Quatro websites que visito todos os dias: não tenho acesso á net todos os dias, mas sempre que posso visito os meus blogs habituais, e o meu mail... Associação portuguesa de Fisioterapeutas, Paralisia cerebral, UFP e CCPOH

Quatro sítios onde gostaria de estar agora: Qualquer sitio seria bom desde que estivesse com as pessoas que mais amo... Contudo arriscaria no Egipto, no meio das esfinges, Em Atenas... Num cruzeiro pelo mediterrâneo e é estúpido mas é verdade em Coimbra...

Acho que respondi a tudo!! Com a sinceridade habitual.... Agora cabe-me a tarefa passar isto para alguém que ficará a conhecer-me um pouco melhor... Bem cá vai, poucos mas bons: "insomnia", que tenho vontade de conhecer, "vida de papel" e " palavras, sorrisos e outras histórias"

Serenamente acaba esta melodia de vida...

domingo, março 19, 2006


So o olhar mais atento, conseguirá entender a musica que trago escondida nas minhas veias...

Agudos estridentes...


Dou por mim a perguntar-me, "o que fiz eu para não ter amigos de verdade?". Nâo percebo porque será que todos podem ter alguém em quem confiar e eu não... Será defeito meu...? Porque não posso ter duas ou três pessoas com quem possa partilhar um pensamento ou outro? Porque não posso ter alguém com quem ir tomar um café? Porquê? Acho que deve ser "a frustração do segundo violino"... Sinto-me meio perdida... ou melhor totalmente perdida... Abismo... Som estridente do violino... agudos infernais de uma vida sem sentido...
Perdoem-me a incoerência do pensamento e do discurso... Deram-me uma partitura atonal e muito dificil de executar... O violino não tem notas suficientes para a executar e eu sou demasiadamente perfeccionista para o fazer sabendo que vou errar...
Continuam agudas as notas do meu violino...

quarta-feira, março 08, 2006

Que mau feitio o meu!

Estou de volta...
Tem-me dado nestes últimos tempos para reparar na maneira de ser das pessoas. No seu modo de ser e de agir perante certas situações. De me analisar a mim mesma perante situações de “crise” . As pessoas são tão imprevisíveis. E outras previsíveis de mais. Deparo-me com pessoas que aparentam um domínio da calma extraordinário. Mas são apáticas. Não reagem aos estímulos. Ou então são burras e quanto mais estímulos recebem, mais se riem da sua própria ignorância. Como é possível existirem pessoas assim? Onde é que estas pessoas vivem? Não se pode falar com elas de nada, pois tudo se resume a uma piada burra e a um riso miserável. Contudo, estas pessoas podem ser boa companhia quando precisamos de alguém que nos faça rir.
Existem também, os “aparentemente sisudos”. Pessoas muito metidas consigo, que parecem não gostar de ninguém, não se darem com ninguém. Mas quando se conhece verdadeiramente essas pessoas, vemos que se trata apenas do seu aspecto exterior. Têm um ar mais carrancudo, mais pesado. Mas acabam por ser excelentes pessoas. Mas também existem aqueles que são a confirmação do seu próprio aspecto exterior. Sisudos por dentro e por fora.
Os tempestivos são uma espécie interessante. Não se lhes pode ser feita uma crítica de forma alguma. O resultado de um diálogo com esta pessoa é uma discussão. Mas como é que estas pessoas aprendem? Eu habitualmente tento corrigir os meus aspectos negativos ouvindo os outros. Se eles fazem tanta confusão quando lhe dirigimos a palavra, como serão capazes de se corrigir?
Os lamechas... Nem sei o que hei-de dizer. O melhor mesmo é não dizer. Não vá eu ferir susceptibilidades e pôr alguém a chorar... Ou com tentativas de suicídio...
Os optimistas! Sorriam. O país vai entrar em guerra amanhã! E qual é o problema?! Tudo tem o seu lado positivo. As fábricas de armas vão produzir mais. As das fardas dos soldados também. Até que vai dar lucro! Ou então... Tenho um caroço no peito! Não é nada. Para que é que vou ao médico? É só uma inflamação dos gânglios... nada de mais! Não existe realidade para estas pessoas? De que cor será o mundo para elas!
Os pessimistas... até o melhor que pode acontecer, para estas pessoas é negativo. Não existe nada de positivo na vida delas. Tudo é negro. E para tudo a solução é a morte. Até me arrepio só de pensar assim...
Os racionais! Aparentemente são os únicos normais. Reagem aos estímulos. Choram, riem, brincam, conversam, aceitam criticas e são críticos. São pessoas mentalmente capazes de fazer a vida andar para a frente. É preciso um pouco de tudo, mas q.b. e na altura certa.
Depois de analisar os outros. Pensei em mim... e eu como sou? Não sou burra. Sou um pouco tempestiva, mas apenas porque guardo as situações em vez de reagir na hora, com serenidade. E depois temos uma cascata de sentimentos. Fico revoltada comigo mesma por descarregar nas pessoas erradas. Não penso em suícidio. Agora. Contudo confesso que já me ocorreu essa ideia. Mas fizeram-me perceber que só me iria prejudicar a mim. Deixando todos os que me querem mal a rirem-se com a sua vitória... Não sou mulher para perder batalhas. A pouco e pouco tenho me tornado cada vez mais forte. É assim que quero continuar a crescer. Mas que raio de feitio o meu... para o que me havia de dar... Mas não faz mal... foi uma maneira de fazer uma análise ao som do violino, não vá ele desafinar... ou uma corda partir-se a meio do concerto...
Serenamente acabo a minha melodia...

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Tempestade...


Estou de volta... Mas sem grande inspiração. Faltam-me as palavras. Falta-me o dialecto. Falta-me a garra. Mesmo assim, vou tentar escrever algo.... ainda não sei bem o quê, mas alguma coisa se há-de arranjar.
Ultimamente tem-me dado para a reflexão. Deve ser da mudança do tempo. Entre um raio de sol e o barulho de um trovão, fecho-me nas minhas quatro paredes tentando fugir deste medo que me apavora. Arrepio-me. Detesto a trovoada. Entro em pânico só de ouvir o trovão. Quanto mais ver os raios. Ligo o despertador no máximo de volume. Deito-me sobre a cama acabada de fazer. Que irritação, apenas consigo ouvir o clamor de mais um relâmpago liberto. Porque será que os meus ouvidos não se ligam aquela música já gasta de tanto passar na rádio? Fez-se silêncio na rua. Deixo-me levar por aquele novo trovão. Envolvo-me num emaranhado de pensamentos, dos quais não me consigo libertar, nem sequer organizá-los na minha mente, como se de ficheiros se tratassem. Penso nos acontecimentos dos últimos dias. Faço um balanço do fim de semana. Tenho andado mais calma. Deixei o “stress” (não sei porquê, esta palavra chateia-me...) longe da minha vida. Pelo menos aos fins de semana. Quero voltar a ser eu. Reencontrar aquela menina, feliz e sorridente. Apetecia-me ter por aqui o meu violino e tocar. Tocar até me doerem os dedos. Até as cordas partirem. Até toda esta confusão da minha cabeça desaparecer. Até a tempestade acabar. Relembro velhos conselhos, de um sábio. As palavras dele ecoam-me na cabeça. “Temos que saber viver a vida...” . Não me consigo recordar do resto da frase, mas também não é preciso. Isto, para o momento é mais do que suficiente. É o que preciso neste momento. Viver a vida. Da melhor maneira. De forma a ser feliz. Nem que por momentos o seja. Preciso de recuperar a alegria de viver. De deixar esta minha capa de protecção. De deixar de aparentar para ser.
A tempestade acalma-se agora lá fora. Será que já chegou ao meu coração?
Vou regressar á rotina semanal. Tenho alguns planos em mente. Quem sabe, se não dão certo e a minha alegria não aumenta um pouco mais...?
Estarei de volta, em breve, á minha serenidade...
Ao som melodramático do violino... e da vida.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Aprisionada...

Regressei á cidade invicta. Recomeço um novo semestre. Muito trabalho espera por mim. Aulas, seminários, estágio. Como eu detesto esta faculdade! As pessoas deste sitio são deploráveis. Poucos são os "humanos" por aqui. Se eu pudesse voltar atrás, nunca teria vindo para este sitio, que até agora só me trouxe sofrimento. Tudo bem, eu sei que até tenho jeito para o curso. Mas não se avalia a vida de uma pessoa pelas notas que tem. Desde o primeiro ano, que vim para aqui, que quase todos os dias choro. Contudo, não invejo as pessoas que sorriem. Pois o seu sorriso não passa de aparência. Por dentro gritam. Talvez mais do que eu. Sinto-me aprisionada aqui. Talvez por esta ser desde o inicio uma faculdade de alto gabarito, por estarem aqui os "filhinhos dos senhores fulanos de tal". Nesta faculdade tudo se rege pelo dinheiro. Não há valores. Quem tem dinheiro é rei. Quem não tem é posto de parte. Avaliam-se as pessoas pelas grandes marcas e pelas ultimas modas, pelos telemoveis topo de gama, pelos carros de alta cilindrade... Esses têm tudo. Eu aqui não tenho nada. Mas lá fora também não terei muito mais. Não tenho amigos aqui. Não gosto de estar aqui. Sou excluida, porque a minha conta bancária tem muitos zeros á esquerda. Não consigo perceber esta forma de vida. Sou simples de mais para esta vida. Porque é tão hipócrita e arrogante este mundo? Por que será que são tão poucas as pessoas autênticas? Onde estão os justos? Não sei viver assim. A minha vida precisa de ter uma pancada saudável. Aqui apenas existem cópias de tudo o que já foi feito. De tudo o que já foi dito. Não sou daqui. Refugio-me mais uma vez, no som... ouço um leve chilrear... Por entre, os ruidosos sons da cidade, um pássarao insiste em expressar o seu canto... sinto-me um pouco como ele... aprisionado naquela cidade... Longe do emu habitat natural... Preciso de respirar a minha música... de fazer chorar o meu violino... De cumprir o meu ritual...
chora agora o violino, entre agudos estridentes de revolta...

sábado, fevereiro 04, 2006

Setenta e oito... Invernos?

No passado dia um o meu avô fez setenta e oito anos. Bonita idade, pensei. cantei-lhe os parabéns olhos nos olhos. Os seus olhos estavam brilhantes. Uma lágrima ousou percorrer-lhe o rosto queimado pelo sol. Sei que não devo passar muitos mais aniversários com ele. Quem sabe este não foi o último...?
Á noite, em conversa com a minha mãe, começamos a recordar bons velhos tempos. Eu tentei recordar os bons. Contudo, ela apenas recordou a infância triste e de trabalho que teve. Será que não teve momentos felizes, perguntei-me! Porque será que faz tanta questão de reviver os maus e de chorar sobre o passado? E continuou, a falar da vida de trabalho, de sol a sol, que os avós levavam. Nunca tiveram uma vida fácil. O dinheiro mal chegava. Os filhos e os seus problemas de sáude. Criaram os netos, incluindo eu. Com tantos momentos negativos, pensei seria justo celebramos as "78 primaveras" do avô ou se não seria melhor celebrarmos antes os "78 invernos". Pergunto a mim mesma se não tiveram momentos felizes na vida deles. Mas depressa, uma resposta afirmativa me invade o pensamento. Toda a gente tem momentos felizes na vida. O Homem é que não sabe aproveitá-los. Vivê-los com a máxima intensidade. E mais tarde recordá-los com toda a ternura que merecem. Sei que por trás daquele rosto sofrido e daquele olhar já cansado, está um homem cheio de força e de coragem. Um lutador por direito.
"talvez seja o ultimo que o vemos passar a sorrir...", dizem-me num tom magoado. E se for? É a lei imperativa da vida. Vai ser assim com todos. E como o vamos recordar? A chorar? A derramar lágrimas sobre um corpo já frio? Eu não quero que seja assim. E ele também não. Foram poucas as vezes que vi este homem chorar. Relembro uma frase dele para a minha avó, quando estive doente. Enquanto ela derramava lágrimas e se lamentava pela minha situação, ele diz-lhe: "Então mulher, que havemos de fazer, se o destino o quiser assim?"
O meu avô ainda está vivo. Deixem de pôr "ses" na vida. Quando acontecer, aconteceu. Ninguém escapa a esta lei. E quando acontecer, não vou chorar as tristezas de uma vida de trabalho e amargurada que teve. Vou Cantar a alegria da sua luta nesta vida. Da sua coragem. Vou fazer chorar o meu violino, na mais doce e terna melodia...
Irei recordar-te sereno, como o som da musica que o violino insiste em chorar...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Parte de mim...

Hoje, quando acordei, foi a primeira musica que me passou pela cabeça. Já não a ouvia há uns tempos... Fez-me recordar tempos idos... Fez-me perceber o infinito amor que tenho para dar dentro de mim... Recordou-me de tempos amargos, em que houve um homem na minha vida que nunca me abandonou. Nunca desistiu de mim. De nós. Contra tudo e contra todos. Hoje, se sou feliz, a ele o devo. Finalmente, após quatro anos, percebi o verdadeiro signifcado destas palavras...

"Onde estiveres, eu estou
Onde tu fores, eu vou.
Se tu quiseres, assim
Meu corpo é o teu mundo
E um beijo, um segundo
És parte de mim.
Para onde olhares, eu corro
Se me faltares, eu morro.
Quando vieres distante,
Eu solto as amarras
E tocam guitarras por ti
Como dantes..."
Pedro Abrunhosa

Fiz isto, só para agradecer a este homem... Por tudo o que fez, e continua a fazer por mim...
Obrigado por me teres ensinado a amar....

Cruzam-se agora, em serena harmonia, os sons do incansável piano e o choro doce do violino...

sábado, janeiro 28, 2006

A sabedoria das palavras do mocho...


Há uns dias atrás tive uma conversa, digamos que íntima, com um homem fantástico. lembro-me da primeira vez que troquei uns olhares com ele. Tem um olhar mágico. Profundo. Ouso até dizer que é penetrante, como se invadisse os nossos pensamentos e fosse capaz até, de nos dizer que sabe o que estamos a pensar naquele momento. Recordo aquele dia, em que muito tranquilamente se aproximou de mim e me disse a frase agora já habitual:"O que vão tomar...?", com aquele sorriso discreto, mas verdadeiro. Senti que já o conhecia. Como se numa outra vida tivessemos sido amigos, companheiros, não sei... Mas afinal, aquela era a minha iniciação no "ritual" da vida. Já lá vão uns anos, desde este momento. No entanto, sinto que existe algo muito especial que me une a ele.
Dizia eu que tinha tido uma conversa muito especial com ele. andava a precisar disto. Já o tinha tentado várias vezes mas achei que me iria achar uma idiota. Talvez uma abusadora, "qui çá". O coração também me atraiçoava um pouco. Parei umas quantas vezes para cumprir o meu ritual e não consegui entrar. As lágrimas apoderavam-se dos meus olhos e faziam da minha face o seu leito. Há lugares que nos parecem diferentes quando as pessoas que amamos, por algum motivo, os deixam de habitar, ainda que temporariamente. Este homem a quem docemente vou chamar de "mocho" (sabedoria), fez-me perceber que a vida não é assim tão má! que tudo o que nos acontece não são mais do que ensinamentos que devemos guardar e aprender. Que é preciso viver a vida até ao ínfimo segundo. Que tudo tem a sua duração. O seu timing E que a maioria das vezes não vivemos os acontecimentos no momento exacto e isso pode afectar a nossa vida. Fez-me parar para pensar e perceber o que é afinal o pecado. Na importância da nossa consciência. Da nossa liberdade. Na necessidade que tenho de soltar as minhas asas e voar. Percebi, que só assim serei capaz de deixar voar os que amo, sem nunca os perder. Fez-me recordar rapidez com que passei pela adolescência e a velocidade a que ainda hoje cresço, tornando-me cada vez mais mulher. Acompanhando lado a lado os paços do menino - homem que habita o meu coração.
Este mocho ensinou-me a crescer. A enfrentar a vida. Mostrando-me os meus erros e deixando entreabertas novas janelas para eu poder entrar, pegar as chaves e abrindo uma nova porta. Nunca me julgou, nem por aparências, nem por acções. Sempre me apoiou e me deu força, mesmo naqueles momentos em que eu julgava não existir solução.
Obrigado pelo seu apoio incondicional...!
As palavras sempre sábias do mocho...
O som sempre sereno do violino...

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Familia vs hipocrisia

Estou confusa. Mas acho que hoje percebi as sábias palavras do tio C.. Quanto mais nos damos ás pessoas mais elas nos querem tomar. Hoje senti-me completamente idiota. Por momentos pensei que dentro da minha familia poderia brincar. Apercebi-me que não! tratamos os avós com todo o carinho, com todo o amor... brincamos com eles para se distrairem... fazemo-los pensar nem que seja por breves momentos que é bom ser idoso... Mas depois vem o filho pródigo, armado em querido fazer-se aos pais, dos quais só se lembrou depois de ter ouvido umas indirectas bem mandadas... ou então quando se apercebeu que dentro de pouco tempo já não teria o pai junto dele. E sabem o que acontece nestas alturas a quem sofre e vive todos os dias com eles quando chega o filho pródigo e rico? são esquecidos. Hipócrita de sociedade! Continuamos a viver num mundo de interesses. Até dentro da própria família. Não me digam para gostar de pessoas que são todas mel pela frente, mas quando realmente é preciso lá estarem desaparecem. Sei que devemos perdoar e esquecer. Sei que faço isso a maioria das vezes. Mas custa-me viver assim. Nunca deixei nada por dizer a ninguém. Nunca fiz nada com segundas intenções. Se preciso peço. Se gosto, gosto. Se não gosto, é porque cá tenho os meus motivos. Mas não são eternos. Se me mostrarem que os meus motivos são erróneos, tento modififca-los. Se precisam de mim, eu estou lá. Muitas das vezes com vontade de chorar sorrio e brinco para que não se sintam tristes ou aborrecidos... para que não se preocupem comigo... Mas a culpa é minha! Eu tinha este filho pródigo como um idolo. Alguem que já passou por muitas dificuldades mas conseguiu vencer na vida... recordo o um episódio da minha vida... acerca de cinco, seis anos atrás estive doente... bastante doente. Fui buscar forças a este homem... á sua história, á sua força... na altura, talvez devido ás circunstâncias não dei o devido valor ao gesto dele. uns tempos depois, já recuperada, apercebi-me da preocupação dele comigo, como se fosse filha dele... Quando cheguei ao HUC tinha uma enorme equipa médica a minha espera, já sabiam de tudo o que se tinha passado... Foi ele. O médico tinha saído e ele ligou-lhe, pô-lo a par de tudo. Mas as pessoas não são sempre assim. Boas e generosas. Este homem a pouco e pouco foi perdendo a minha consideração. Familia é familia. é tudo aquilo que temos de mais valioso neste mundo. Triste é as pessoas não perceberem o verdadeiro significado da palavra FAMILIA! União! Partilha!
Mas a vida é assim mesmo. acredito que um dia, a vida se encarregará de lhes explicar o que esta palavra significa. Espero que não seja tarde demais.
Enquanto isso, o som sereno do violino continua a ecoar e fazer mover os rios...

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Cheguei agora a casa. Passa pouco das quatro da tarde. Enquanto caminhava pelas ruas da minha cidade, apercebi-me do quão importante és para mim. A cidade está vazia. Não tem calor. Apesar das centenas de pessoas com quem me cruzei, sinto que estou sozinha. Na minha cabeça, apenas tenho os teus olhos meigos, sinceros, olhando firmemente as teclas do teu piano... As tuas mãos deslizavam sobre as teclas compondo a mais bela melodia de sempre. Deito-me sobre a cama e sinto a tua respiração no meu ouvido... Fecho os olhos, sou capaz de ver o teu rosto na escuridão do teu quarto... o teu sorriso, é o meu mundo, a minha felicidade... Porque será que nada faz sentido quando não estou contigo... ? Os rituais perdem o sentido e fazem-me derrubar o lágrima por não te ter. No entanto fico feliz por saber que tudo na vida são passagens. Aminha vida é assim. um livro aberto e em branco, onde todos os dias viro mais uma pagina repleta de pessoas, sentimos e emoções. Por vezes, deixo que sejas tu a escrever a minha história, acho que tens esse direito. É graças a ti, que sou a mulher que sou. Foi contigo que aprendi o significado da palavra amor, sofrimento, partilha, compreensão e perdão. são estas as palavras que agora mais prenchem o meu livro. Foi contigo que aprendi o verdadeiro significado da vida. É por nós que me ergo todos os dias e enfrento as dificuldades que surgem aos escrever a minha história. Agora sei, que se aprende mais com os erros do que com os sucessos. Sei-lhes dar valor. não me importa que vida me faça sofrer, pois sei que a melhor maneira de lhe fazer frenter é sorrir e acreditar que somos capazes de a enfrentar... Nada está escrito. Tudo se constrói. Tudo se escreve... neste livro aberto que é a vida. Não preciso de te agradecer, pois nos nossos pequenos gestos está tudo o que sinto por ti, com todo o carinho e respeito que mereces. en quanto escrevia este texto, quase que sem me apercerber tinha um som suave de piano na minha cabeça entoando aquela velha música que compuseste para mim... o som sereno do piano... o gesto delicado e puro do pianista, o compositor das mais belas partes do meu livro... do som das mais serenas notas do meu violino...

domingo, janeiro 15, 2006

só aqui...

Sentei-me no fundo do balcão. olhei os astros no céu escuro. Naquela noite fria, apenas estava eu, a olhar a imensidão do céu. Parei para pensar na fragilidade da vida. Com a rotina do dia a dia, dou por mim a fazer tudo já sem razão. Como uma maquina, por assim dizer. Aquele corre-corre da cidade faz -me andar numa roda viva. Sem razão. Mas é quando regresso ao meu lar, onde não há sossego mas existe paz, que regresso á serenidade. Que o som do violino é mais suave. É aqui que a vida faz sentido. É aqui que me apercebo da efemeridade da vida. Não vale a pena correr numa busca incessante de poder. A vida é frágil... e só fará sentido se for vivida plenamente. em jeito de balada ou serenata. É aqui que eu sorrio, e o meu sorriso emana felicidade...só aqui tudo faz sentido... Entre cafés e rituais. Entre amigos e conhecidos... entre notas de uma melodia por acabar... só aqui sou eu. Só aqui o som do violino é perfeito... só aqui, no meu lar, o desassossego é sossegado... e traz de volta a serenidade...