terça-feira, maio 29, 2007

Avô!

O pomar está cheio...
As árvores cantam a chuva
Nos dias que passam perdidos,
Nos campos rasgados pelo arado.

O esvoaçar dos pássaros pelo meio,
Que vão bicando grainhas de uva,
Por entre os ventos revoltados
Que adormecem no montado.

Alongam-se as jornas…
Os dois bois que puxam a charrua
Ornam o horizonte que se funde no céu,
Misturam-se cores de fim de dia.

As manhãs são agora mais mornas,
Os velhos no adro da igreja, na rua,
Falam do antigamente, senhoras de véu,
Dinheiro que não se contava, mas dividia.

Pão na mesa…Calejado… do dia anterior
Deixado endurecer para açorda,
Chouriça e queijo no fio da faca.

À noite, a luz do candeeiro acesa,
Junto à lareira, a sentir o calor,
A velha cozinheira gorda
Senhora simpática, bonita, fraca.

Corpos que ressacam…
Dores sem as quais não se vive
Afagadas com um copito de tinto,
Remédio sagrado dos nossos avós.

Arcaicas mezinhas que nos cicatrizam,
Que nos lembram como se sobrevive,
Que alteiam o digno instinto
Lembranças que não nos deixam sós.

Este poema em tudo me fez lembrar o meu avô... Homem cheio de vida! COntudo os anos estão-no a castigar da pior forma possivel... tirar-lhe a luz do dia. Impedindo-o de ver o verde do prados, o castanho das matas no outono, o dourado da seara no verão...
Impedindo-o de ver quem mais o ama e quem ele tanto ama á sua maneira...
Acredito que tudo na vida tem um sentido... mas este sentido da vida eu ainda não percebi...

Serenamente...

sexta-feira, maio 25, 2007

Recomeçar...


Mas que vida... Estou a deixar-me cair no mais fundo dos poços e não faço nada para me levantar. Limito-me a ver-me cair. A magoar-me no meio desta selva de espinhos.


O que é que se passa comigo?


Eu não sou assim...! eu não sou de me deixar ficar! Eu gosto de ir á luta... embora muitas vezes baixe os braços, mas vou á luta... nem sempre é fácil e por vezes perde-se, mas eu tenho que lutar... tudo o que eu não posso fazer é ficar aqui á espera que bata mesmo no fundo, para depois me lamentar... Depois os lamentos são desnecessários... Quem não luta não tem o direito de se lamentar, pois não fez nada para mudar o rumo das coisas...

Vou recuperar forças... acabar esta luta e sair vencedora, com um sorriso no rosto e daqui a um ano poder dizer: VENCI, porque LUTEI e só assim CONSEGUI! ´


Foi assim que consegui tudo o que hoje tenho. Apesar de não ser muito, consegui-o com muita luta, muitas lágrimas, muitas quedas que me obrigaram a começar tudo de novo, mas consegui.


Porque razão estou eu agora com vontade de desistir...? Eu sei... Estou cansada. Mas sei que é só uma fase e que vai passar e que dias melhores virão. Preciso de me reencontrar. De Reencontrar as forças (poucas) que me restam... Não posso desiludir quem tanto sofreu por mim... quem tantas noites passou acordado... quem dia e noite me mantinha no pensamento e fazia de mim a mulher que sou hoje... Essas pessoas são a minha vida, o meu mundo... são elas que quando baixo os braços se erguem á minha volta e me levantam... Se não for mim, por tudo aquilo que eu quero ser, que seja por elas!


Vou recomeçar tudo outra vez!


Vou continuar a lutar!

quarta-feira, maio 23, 2007

TRISTEZA


Hoje acordei com uma tristeza que não consegui explicar... Um dor no mais fundo de mim. Talvez seja apenas o reflexo da minha vida nos últimos tempos... Uma vida que não é vida... neste momento falta-me tanta coisa... Abri o computador e procurei algo que fosse capaz de representar tudo o que sentia... e eis o que encontrei...


Pedaços de água no olhar...
De sonhos desfeitos em nada
Cabelos em desalinho
Onde brilham em torvelinho,
Pérolas de pranto ao luar....

Olhos tristes de quem sofreu
Na vida, tormentos mil
Silêncios a quem doeu,
Um amor que já morreu,
Ainda por começar...

Embalada nos braços fortes
De uma recordação,
Vai tropeçando em pedaços
Vazios de um coração...

Sonha, menina triste,
Limpa as lágrimas, sorri
Também eu vivi morrendo
E morri, vivendo em ti....


Por MARIA CÉLIA SILVA

segunda-feira, maio 21, 2007

Segredos...


Segredos, meu amor

Hoje te quero revelar!

Se pudesse eu te daria tudo:

O céu, a terra e o mundo…

Os poemas de amor - sem dor!

E cantá-los-ia se soubesse cantar!



Cantar, cantavas tu…e tão bem!

Pintar é a tua actual inspiração!

Reservo para mim, porém:

A poesia! Meu amor-perfeito;

Tempo de pausa e meditação!

A fantasia de alguém Imperfeito!

Carente, terreno e pensante!



E se em momentos de inspiração

Parto por aí algo errante

Numa completa e intemporal dação

(Mas quente e vertical entrega)

Breve seja... e que encante!

Minha alma nesse instante sossega.

quarta-feira, maio 09, 2007

Toda a alma tem uma face Negra...

Após muitas insistências lá resolvi ir... Aprumei a cartola e o traje em mim e não no guarda fato, limpei as lágrimas e fui em busca de uma amiga... E de algo mais... Tenho que lutar, tenho que ser feliz...

Não posso deixar que o lado negro da face de alguém torne a minha vida num buraco ainda menos colorido do que ele já é por natureza...

E lá fui eu... Gritar aos ventos que sou finalista... que a vida começa agora e que eu tenho de lutar por ela...

Guardo um momento profundo e hilariante do cortejo... alguém me diz: "Tem sandes", volto-me por um momento e entrego-lhe uma sandes, ao que o homem responde: "é de Fiambre", "não"retrocedo, "então está bem, é que eu não gosto de queijo...!"

Aqui está algo com profundidade... deve ter andado na turma do nosso primeiro ministro...

Até um próximo sereno sobressalto...

terça-feira, maio 08, 2007

Cartola e bengala...

Hoje é dia do cortejo... aprumam-se as cartolas, ajeitam-se as lapelas, capas ao vento e bengalas ao ar... toda a gente festeja...
O meu traje também está alinhado... mas pendurado na porta do guarda fato! Também eu queria pôr o meu sorriso na cara e a capa ao vento, mas não o vou fazer... Estragaram-me este dia... Mostraram-me que esta queima não é minha, esta festa não é minha... eu não lhe pertenço... nem ela a mim... sinto-me como se me tivessem atravessado uma flecha no peito... e sangra... dói... eu que entreguei corpo e alma a um carro... a um curso que não o meu... agora o pagamento fica nesta frase cruel... e a pessoa que a disse... como hei-de esquecer...? como serei capaz de lhe perdoar, depois de tudo o que passei...? vou-me enrolar na minha capa, no meu sofá e acreditar que estou no cortejo e que até sou feliz...
Mas não sou e nunca serei...
Até um dia se o houver...